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uma antropologia contra o Estado - por que pierre clastres?




Assim como Pierre Clastres pensou com, mais do que sobre os povos originários, é possível pensarmos com o antropólogo, saindo, dele, de si e de nós, promovendo relações e movimentos que nos auxiliem a compreender a forma das sociedades ocidentais e aquelas contra o Estado, entendendo como pautamos formas de organização e vida que escapem à servidão, ao exercício da opressão e do controle.

Abaixo, alguns trechos do pensamento de Pierre Clastres que anunciam o raciocínio antropológico do autor, que seguiremos e debateremos em nosso curso, pensando noções de conhecimento, sociedade, Estado e possibilidades políticas:


“Dois axiomas, com efeito, parecem guiar a marcha da civilização ocidental, desde a sua aurora: o primeiro estabelece que a verdadeira sociedade se desenvolve sob a sombra protetora do Estado; o segundo enuncia um imperativo categórico, pois é necessário trabalhar” (In. A Sociedade contra o Estado).

“Cada um de nós traz efetivamente em si, interiorizada como a fé do crente, essa certeza de que a sociedade existe para o Estado” (In. A Sociedade contra o Estado).

“Não seria, ao contrário, porque a civilização ocidental é etnocida em primeiro lugar no interior dela mesma que ela pode sê-lo a seguir no exterior, isto é, contra outras formações culturais?” (In. Arqueologia da Violência).

“A violência etnocida, como negação da diferença, pertence claramente à essência do Estado, tanto nos impérios bárbaros quanto nas sociedades civilizadas do Ocidente: toda organização estatal é etnocida, o etnocídio é o modo normal de existência do Estado” (In. Arqueologia da Violência).

“Aliás, é esse o resultado visado: conduzir o indígena, pelo caminho da verdadeira fé, da selvageria à civilização [...] A espiritualidade do etnocídio é a ética do humanismo” (In. Arqueologia da Violência).

"[...] embora experiência da partilha, ou sobretudo por causa disso mesmo, a etnologia parece ser a única ponte lançada entre a civilização ocidental e as civilizações primitivas [...] Num sentido portanto, se a etnologia é uma ciência, ela é ao mesmo tempo outra coisa que uma ciência. Em todo caso é esse [o] privilégio da etnologia [...] ela encaminha nossa própria cultura em direção a um novo pensamento" (In. Entre o silêncio e o diálogo).

Partir desse pensamento “contra o Estado” leva por mor muitos caminhos possíveis, e o exercício do curso será exatamente esse. É possível pensar, por exemplo, em saúde mental, na forma da clínica, na leitura do outro pelas disciplinas institucionalizadas. A distribuição de quem tem ou não tem razão e o próprio campo onde “melhorar” pode aparecer como uma ética humanista, por exemplo, se vinculam ao etnocídio.






Para conferir outras produções de nosso professor, Wander Wilson, confira o texto “O fascismo é o paroxismo do normal”, acessível abaixo, e sua participação na Rádio Aurora, com Gustavo Racy, acerca de realismo, imaginação e política, assim como sua fala sobre a obra de Ursula Le Guin:




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