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o livro como projeto

Atualizado: 15 de fev. de 2022


Herbet Bayer, Glass Eyes, 1928

No início de 2020, a Sobinfluencia se lançou em uma empreitada sem precedentes para seus integrantes. A concepção, idealização, manufatura de livros nos era novidade, de certo modo. Ainda que houvéssemos, já, produzido material gráfico para outras editoras, trabalhado com escrita acadêmica, e contássemos entre nós com profissionais das Letras, tudo aquilo nos era novidade: campanhas, divulgação, cotação, preparação, revisão. Livros, nossos livros, eram novidades. E seguem sendo.


É preciso dizer, mais uma vez, que a sobinfluencia se pretende mais que uma editora. De certo modo, é uma ideia. A ideia, como diria Walter Benjamin, é uma apresentação do objeto da crítica. É uma representação de fenômenos pelo nexo de suas relações. São, afinal, “para os fenômenos, o que constelações são para estrelas” (Schwebel, 2021, p. 8). São expressões perceptíveis, principal e primeiramente, pela linguagem. Procuramos, assim, a expressão e a apresentação de ideias várias, elas mesmas expressões e apresentações, num trabalho constelacional que não é possível – e 2020 nos foi prova disso – sem a colaboração de leitores, contribuidores, seguidores, comentadores, críticos.

Graças às redes sociais e à movimentação em rede permitida pela internet, pudemos levar nosso trabalho a Estocolmo e à Corunha, ao Porto, a Manhattan e a Roma, bem como ao interior do Piauí e de Santa Catarina, a Curitiba, Campo Grande e Recife, à esquina, em Guarulhos e Osasco, ao Rio de Janeiro e a Brasília. Recebemos críticas – refinadas, em sua maior parte, desinteressadas e ofensivas, na menor – lançamos erratas, corrigimos posts, recebemos e publicamos textos de colaboradores, lançamos a Rádio Aurora e O Artista sem Nome e com Documento, podcasts da Sobinfluencia, com conversas e leituras poéticas. Lançamos as colunas Último Crime e Harlem, sobre antiespecismo e pensamento negro, além d’A Fresta, de Natan Schäfer, que nos traz textos surrealistas inéditos semanalmente. Projetamos, construímos, estamos em movimento, somos processo.


Nossos livros são as apresentações das ideias que pululam na comunicação entre editores e entre estes e o público. O livro, objeto da mais alta figuração, se coloca no centro da produção criativa. Se nada no mundo se cria, ele configura a articulação dos astros-guia da perambulação intelectual, que irrompe num mercado incipiente, por uma editora cambaleante, que procura, antes do perfeccionismo das preparações e revisões, a premissa de iluminar, profanamente, as ideias: ideia da ideia, apresentação da expressão. Não somos, nem pretendemos ser, somente, resultado. E muito embora precisemos, todos e sempre, comer, nos vestir, habitar, viver, não queremos reproduzir, à moda, os mecanismos de produção do campo simbólico pelo exclusivismo do poder de compra.

Somos, nós e nossos livros, um projeto. Somos um processo, que, como nos mostrou 2020, procura fazer das ruínas de um mundo caduco, a senda de uma destruição construtiva. Erguemo-nos sobre as falhas e os erros. Mantemo-nos perspicazmente distraídos (venceremos?). Não temos a pretensão do ato, mas, antes, da potência explosiva das profanações: restituem as ideias ao uso comum. Tomai, todos. São vossas, se assim as desejarem. Contamos, ao longo de nosso primeiro ano, com o apoio surpreendente de nossos seguidores. Sabemos que leem sem esperança. Vocês sabem o que é a sobinfluencia.


Nós, nossos textos, nossas imagens, nossos livros, somos um projeto. Que se expandam as formas de vida do fazer bibliófilo, que se somem as singularidades como ondas de rádio, pelo fluxo das sinapses virtuais. Que cresçamos, mais, como vocês nos fizeram crescer. Quando crescemos juntos, seguimos juntos. Quem dirá onde nos levará esta senda aberta por mensagens de afeto? Nós, nossas imagens, nossos livros, vocês, somos um processo.

Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livre habitamos a substância do tempo Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome das Coisas, 1974.

Referências

SCHWEBEL, P. (2012). Walter Benjamin’s Monadology. Tese de Doutorado. Departamento de Filosofia da Universidade de Toronto.

 

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