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contraponto: angela davis encontra ice cube

Atualizado: 27 de jan. de 2022


Colagem por Talita Santana
 

Há diferentes afetos que podem ser gerados a partir do encontro de duas vidas que pulsam em fervor político. Afetos de fogo, capazes de incendiar o espaço em que tocam - devastando o velho e abrindo espaço, em meio a destruição, ao novo mundo que se anuncia.

O encontro entre Angela Davis e Ice Cube é um desses.

O território explorado durante este embate nos é, infelizmente, bastante familiar, isso porque há tempos o rap no terceiro mundo anuncia a vida que caminha sobre campo minado enquanto deus anda de blindado e a paz só pode ser encontrada debaixo da terra.

“Peace? Hahaha, don't make me laugh! [...] How the fuck do you figure that I can say ‘peace’ and the gunshots will cease?”

Encarceramento em massa do povo negro, guerra às drogas, segregação, ausência de políticas de inclusão social, completa falta igualdade formal e material, necessidade de pautar questões de classe, de gênero. O debate ocorrido entre Ice Cube e Angela Davis, no início dos anos noventa, é o mesmo que se dá ainda nos dias de hoje.

Por este motivo, trazemos a vocês uma tradução inédita da matéria veiculada pela editora argentina CajeNegra, que apresenta a entrevista realizada pela militante ao gangsta (encontrada em sua versão original ao final do texto) e esperamos que a potência desse encontro faça fogo e ajude a incendiar, em cada um de vocês, o desejo de criar um novo mundo.

“Run, run, run, their ass off, they can not hide Yeah Cube, they can't fuck with the darkside!”

(Corta!)

O rap é muito engraçado, cara.
Mas se você não vê a diversão nele, ele te assusta muito.
Ice T

Em meados de 1991, dois ícones do movimento Black Power - um do passado e outro do presente, uma mulher e um homem, um progressista e um nacionalista - se sentaram para comer juntos. Esta seria uma tarde reveladora para Angela Y. Davis e O'Shea "Ice Cube" Jackson.

Ice Cube tinha acabado de passar por dois anos turbulentos. Depois de uma enorme tour que terminou com algo parecido com uma revolta policial, ele voltou para casa para se deitar na mesma cama em que dormia quando era adolescente. Sua mãe o obrigava a lavar a louça e levar o lixo para fora. Um bando atirou em sua casa por engano. O que ele ainda estava fazendo lá, é o que ele se perguntava, e o que tinha acontecido com todo o seu dinheiro?

Juntos, Eazy Duz It e Straight Outta Compton haviam vendido três milhões de unidades, e a tour arrecadou US$650.000. Mas quando ele foi reclamar sua parte dos lucros de Jerry Heller, recebeu US$23.000 pela a turnê e US$32.700 pelo álbum, e ouviu ainda que não deveria mais falar nada a respeito. "Jerry Heller vive em uma casa de meio milhão de dólares em Westlake e eu ainda moro na casa da minha mãe. Jerry dirige um Corvette e um Mercedes Benz e eu tenho um Suzuki Sidekick", disse ele ao Frank Owen. "O Jerry está ganhando muito dinheiro e eu não." Ice Cube conseguiu um advogado e um contador próprio e foi para a Costa Leste.

A ideia dele era trabalhar com The Bomb Squad. "Naquela época, eu pensava que só havia dois produtores que valiam a pena: Dr. Dre e The Bomb Squad. E se eu não pudesse trabalhar com o primeiro, eu ia trabalhar com o segundo. Para mim, foi assim tão simples", explicou ele.

Em termos criativos e filosóficos, Ice Cube sentiu que havia levado a ideia da rebelião da adolescência negra à sua conclusão lógica. Ele estava pronto para uma fase de maior amadurecimento, e Chuck D e S1W fizeram o melhor para guiá-lo. Eles lhe deram livros para ler e explicaram o que era a Nação do Islã, e ele absorveu tudo isso com a inocência e o entusiasmo de um irmão mais novo. "Até aquele tempo, eu sempre tinha vivido em busca de dinheiro. Essa era a minha vida antes", disse ele. "De alguma forma isso me abriu os olhos para um mundo totalmente novo, me deu autonomia para lidar com este mundo".

Angela Davis foi uma mulher que cresceu no Sul, numa família de ativistas, e que se revelou um prodígio intelectual. Na Universidade Brandeis, onde foi uma das poucas estudantes negras no campus, foi cativada pelo discurso de Malcolm X. Mais tarde, enquanto estudava na Alemanha com Theodor Adorno, encontrou uma imagem dos Panteras Negras nas câmaras do Congresso da Califórnia, em Sacramento. Davis decidiu voltar ao Centro Sul para participar da Revolução. Após investigar as diversas organizações políticas da área, rejeitou a US Organization de Karenga por considerá-la antifeminista e se juntou ao Student Nonviolent Coordinating Committe e ao Partido dos Panteras Negras. Pouco tempo depois, observou que os Panteras Negras publicaram em seu jornal um ensaio de Huey Newton apelando à solidariedade com o emergente movimento de libertação gay.

Após o assassinato de George e Jonathan Jackson e o posterior julgamento, no qual foi inocentada de todas as acusações, Davis tornou-se uma heroína internacional e uma luminária no movimento anticonstitucional. Começou então a trabalhar como professora de estudos feministas e afro-americanos, ganhando eventualmente uma cátedra na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz.

No início dos anos 90, Davis havia notado, com pesar, que várias imagens de sua juventude combativa estavam novamente circulando, mas para simbolizar uma rebelião muito difusa. Em um de seus discursos, ela ponderou a situação: "Por um lado, é inspirador notar uma certa consciência histórica, algo que nossa geração muitas vezes não tinha quando eu era jovem. No entanto, também é perturbador. Porque sei que inevitavelmente a minha imagem está associada a uma certa representação do nacionalismo negro que privilegia aquelas correntes nacionalistas a que alguns de nós sempre nos opusemos.”

Mais tarde, apontou:

“A imagem de um negro armado é considerada a essência do engajamento revolucionário nos dias de hoje. Por mais deprimente que me possa parecer, esta imagem simplista e falocêntrica me lembra de como fui afetada por imagens românticas dos meus irmãos (e às vezes irmãs) com armas. Na verdade, havia um certo empoderamento em sair e atirar - ou desarmar uma arma – tão bem quanto um homem, ou melhor que ele. Eu posso me identificar com jovens que agora têm um desejo apaixonado de fazer algo, mas são mal orientados.”

Apesar desses jovens ainda verem o afro de Angela Davis e seu punho levantado congelados no tempo, ela tinha continuado seu caminho, e agora esperava debater com eles com a sabedoria de alguém mais velho.

O encontro entre Ice Cube e Angela Davis havia sido uma ideia de Leyla Turkkan. Turkann tinha crescido no Upper East Side de Nova York e tinha feito parte de um grupo de "parkies" que se juntava com escritores e grafiteiros como ZEPHYR e REVOLT. Na faculdade ela começou a trabalhar como promotora da Black Uhuru durante a bem sucedida turnê do álbum Red e logo depois entrou no mundo da publicidade, sempre pronta a combinar suas habilidades de relações públicas, suas extensas listas de contatos na indústria e suas tendências progressivas. Como Bill Adler, estava mais do que pronta para a ascensão do rap revolucionário negro. Entretanto, após o sucesso do movimento Stop the Violence, sentiu que os discursos de Griff e o desastre midiático Public Enemy prejudicaram sua carreira. A certa altura, David Mills até a obrigou a negar que ela e Adler haviam tentado enfatizar o Public Enemy como políticos e ativistas sociais. Turkkan agora acreditava que tinha uma segunda chance com Ice Cube. Ao sentá-lo com Davis, poderia apresentá-lo como herdeiro da tradição revolucionária negra.

A entrevista foi uma ideia provocadora e tanto o Ice Cube quanto Davis a receberam de braços abertos. Ainda assim, nenhum deles sabia qual seria o resultado da conversa quando se encontrassem nos escritórios da Street Knowledge, a gravadora que ele havia fundado.

Para começar, Davis tinha ouvido apenas algumas músicas do álbum (ainda inacabadas), incluindo "My Summer Vacation", "Us" e uma música chamada "Lord Have Mercy", que eventualmente não seria incluída no álbum. Nem ouviu a faixa que acabaria causando a maior controvérsia, uma música chamada "Black Korea". Por outro lado, Davis teve que lidar com outra desvantagem ainda mais fundamental.

Como ela, a mãe de Ice Cube havia crescido no Sul e, depois de se mudar para Watts, havia se envolvido nos tumultos de 1965 quando adolescente. Apesar de ter uma relação muito boa com seu filho, os dois discutiam frequentemente sobre política e suas letras. Para ele, participar desta reunião foi como sentar-se para conversar com sua mãe. Davis, por outro lado, estava tão perdida quanto qualquer um durante a fase mais turbulenta do desenvolvimento de um filho.

Ice Cube sentou-se atrás de sua mesa de vidro, em uma cadeira de couro preto, no meio de um escritório com paredes cobertas com discos e cartazes dourados emoldurados e cartazes de Boyz N the Hood e seus álbuns. Davis perguntou qual opinião ele tinha a respeito da geração anterior.

"Quando olho para pessoas mais velhas, não tenho a impressão de que elas pensam que podem aprender com pessoas mais jovens. Às vezes eu tento dizer à minha mãe coisas que ela simplesmente não quer ouvir", disse ele.

"Vivemos numa época em que pessoas como Darryl Gates dizem: 'Temos que travar uma guerra contra as gangues'. E eu vejo muitos pais negros aplaudindo e dizendo: 'Claro, claro, precisamos travar uma guerra contra as gangues'. Mas quando você considera que todas as crianças de camisetas e gorros são membros de gangues, o que esses pais aplaudem é uma guerra contra seus próprios filhos.”

À medida que a conversa passava das questões geracionais para as de gênero, o desconforto do rapper se tornava evidente:


ICE CUBE: O que você tem são pessoas negras que querem ser como os brancos, não percebendo que os brancos querem ser como os negros. Então é melhor parar de pensar dessa maneira. Você precisa de homens negros que não admirem o homem branco, que não tentem imitar o homem branco.


ANGELA: E quanto às mulheres? Você está sempre falando sobre os homens. Eu gostaria de ouvir você falar sobre homens e mulheres negras.


I.C.: Pessoas negras.


R.: Eu acho que você muitas vezes exclui as mulheres negras do seu pensamento. Nós nunca chegaremos a lugar algum se não estivermos unidos.


I.C.: É claro. Mas o homem negro é vítima de opressão.


R.: Bem, a mulher negra também é vítima de opressão.


I.C.: Mas a mulher negra não pode olhar e admirar o homem negro até que nos levantemos.


R.: Ora, por que as mulheres negras devem olhar e admirar o homem negro? Por que elas não podem ser tratadas como iguais?


I.C.: Se nos tratarmos de igual para igual, isso criará uma divisão entre nós. Nós vamos nos dividir.


R.: Como eu te disse, eu ensino no cárcere do Condado de São Francisco. Muitas das mulheres de lá foram presas por crimes relacionados às drogas. Entretanto, para a maioria, elas são invisíveis. As pessoas falam sobre o problema das drogas sem mencionar o fato de que a maioria das pessoas que consomem crack em nossa comunidade são mulheres. Assim, quando falamos de progresso em nossa comunidade, temos que falar de nossas irmãs e de nossos irmãos.


I.C.: Nossas irmãs têm sustentado a comunidade.


R.: Quando você se refere ao "homem negro", gostaria de ouvir você dizer algo explícito sobre as mulheres negras. Isso me convenceria de que você pensa em suas irmãs tanto quanto pensa em seus irmãos.


I.C.: Eu penso em todos.


Embora Davis tentasse insinuar o quanto seria útil formar alianças com mulheres, latinos, indígenas americanos e outros grupos, Ice Cube descartou a ideia. "Há pessoas que estão lutando pela integração, mas acho que temos que lutar pela igualdade de direitos. Nas escolas, os alunos querem ter os mesmos livros, não querem receber livros rasgados ou estragados. Isso é mais importante do que lutar para poder sentar na mesma mesa para comer. Acho que é mais saudável para nós sentarmos em outro lugar, desde que a comida seja boa.”

Davis lhe respondeu: "E se dissermos que queremos sentar no mesmo lugar ou onde quisermos, mas também aproveitar a possibilidade de escolher o que vamos comer? Você entende o que estou dizendo? Queremos que nos respeitem como iguais, e também que respeitem nossas diferenças. Eu não quero ser invisível como mulher negra.”

"O importante é ensinar aos nossos filhos a natureza do escravocrata", contrariou o Ice Cube. "Ensine a eles como ele é e como sempre estará disposto a te bater, por mais livros que você colocar na frente dele e por mais líderes que você enviar para falar com ele. Ele nunca vai mudar. Devemos entender que tudo tem sua energia natural".

Logo citou a analogia de Farrakhan: “Existe a galinha e o gavião, a formiga e o tamanduá. Eles são inimigos por natureza. É isso que devemos ensinar aos nossos filhos.”

Angela Davis pediu ao Ice Cube para esclarecer o que ele pensava ser o seu público. "Muitas pessoas tomam como certo que, ao fazer rap, suas palavras refletem suas próprias crenças e valores. Por exemplo, quando você fala de ‘cadelas’ e ‘putas’, o que você deduz é que, na sua opinião, as mulheres são de fato cadelas e putas. Você quer dizer que esse é o tipo de linguagem que é considerado aceitável em alguns círculos da comunidade?”

"Claro", respondeu ele. "Aqueles que dizem que o Ice Cube vê todas as mulheres como vadias e prostitutas não prestam atenção na letra da música. Eles não prestam atenção às situações que eu descrevo. Eles realmente não me escutam. Eu acho que eles são incapazes de ver além das palavras ruins. Os pais dizem: 'Oh, oh, eu não consigo ouvir isso'. Mas nós aprendemos essas palavras com nossos pais, com a televisão. Isto não é algo novo que surgiu do nada".

"O que você acha de todos os esforços ao longo dos anos para transformar a linguagem que usamos e ao retrocesso ao nos referirmos a nós mesmos como ‘nigga’, especificamente quando o termo é usado contra mulheres?", perguntou Davis. "Como você acha que os afro-americanos progressistas da minha geração se sentem quando ouvem essas palavras novamente, especialmente na cultura hip-hop: 'nigga, nigga, nigga piece of shit '? [...] Como você acha que as feministas negras como eu e outras mulheres mais jovens se sentem quando ouvem a palavra "vadia"?

Ice Cube evitou responder diretamente à pergunta: "Desde os anos 60, e mesmo antes, houve progresso. Mas nós não ganhamos nada. Continuamos como antes quando se trata de conseguir a nossa fatia da torta. A linguagem das ruas é a única linguagem que posso usar para me comunicar com as pessoas nas ruas.”

A conversa entre o Ice Cube e Davis revelou não apenas lacunas relativas à questões sexuais e de gênero, mas também entre questões de classe e educacionais. Davis tinha sido formada na Califórnia no final dos anos 60, quando os Panteras Negras apelaram para uma frente unida de todos os povos oprimidos e a Third World Liberation Front (TWLF) iniciou o movimento para implementar programas de estudos étnicos na Universidade do Estado de São Francisco e na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Naquela época, os estudantes de raças minoritárias ainda eram raros, portanto, em geral, o vínculo racial que compartilhavam prevalecia sobre as diferenças de classe.

Duas décadas depois, graças a ações afirmativas, as universidades públicas da Califórnia tinham o corpo estudantil mais diversificado do país, refletindo a enorme mudança demográfica que o estado havia sofrido. Entretanto, a matrícula de negros, latinos e descendentes de indígenas americanos ainda apresentava sinais claros de segregação econômica: a maioria dos estudantes de classe média frequentava a seleta Universidade da Califórnia; os estudantes da classe trabalhadora frequentavam a Universidade do Estado da Califórnia, além das Faculdades Comunitárias da Califórnia. As taxas de evasão entre estudantes de minorias étnicas também eram uma preocupação, menos da metade dos estudantes negros e latinos chegavam a se matricular em qualquer um dos campi da Universidade da Califórnia. E dado o forte aumento dos preços devido à crise do orçamento do Estado e o crescente movimento contra as ações afirmativas, liderado pelo neoconservador negro Ward Connerly, era inegável que a idade de ouro do acesso às faculdades estava chegando ao fim.

Ainda que a política estivesse sob influência de alguns importantes líderes afro-americanos – como Tom Bradley, o prefeito de Los Angeles e Willie Brown, o presidente da Assembleia Estadual - nunca foi tão grande o sentimento de muitos negros na Califórnia de que estavam em meio a um declínio econômico, político e social ao lado das comunidades mexicanas, latinas e asiáticas. Em termos estritamente demográficos, eles estavam certos. Setenta e cinco mil negros de classe média haviam se mudado de South Central e Compton para San Bernardino e Riverside durante os anos 80, e um grande número de afro-americanos estava voltando para o Sul renovado, particularmente para a "Nova Meca" de Atlanta. Ondas de novos imigrantes os substituíram nas favelas da Califórnia. Em 1965, a área era 81% de negros; em 1991, uma em cada três pessoas no Centro Sul eram nascidas no exterior, e os latinos estavam prestes a ultrapassar o número de negros, tornando-se a maioria.

Os brancos, é claro, há muito abandonaram The Bottoms física, econômica e emocionalmente. Quando as minorias étnicas lutavam entre si por empregos, educação e representação política, eles se matavam umas às outras por meras migalhas. Que tais conflitos irrompessem em violência racial era tão previsível quanto trágico.

Para a elite universitária burguesa e multicultural afro-americana era uma situação confusa e dolorosa. Este não era o mundo pelo qual eles haviam lutado. Ao mesmo tempo, o resto da comunidade negra sentia que estava perdendo o controle, aumentando a sua paranoia.

O título de um dos livros favoritos de Chuck D, uma coleção de ensaios do poeta e escritor da geração Black Power, Haki Madhubuti, levantou uma questão provocadora: Black Men: Obsolete, Single, Dangerous? [Homens Negros: Obsoletos, Solteiros, Perigosos?]. Com a ajuda de Chuck, Ice Cube começou a responder a essa pergunta com uma das músicas de Amerikkka’s Most Wanted, "Endangered Species" (Espécies Ameaçadas de Extinção). “Death Certificate” foi sua resposta final. Ao longo do álbum, o medo de grandes mudanças, o medo atávico de ser erradicado, era palpável.


(Fim!)


matéria original (CajeNegra): https://cajanegraeditora.com.ar/blog/el-gangsta-se-encuentra-con-la-revolucionaria-un-contrapunto-entre-ice-cube-y-angela-davis/


tradução e texto prefacial por Alex Peguinelli

 

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